A morte do estudante Lucas Boeira Dias, 22 anos – que se prendeu em um cabo de pesca em Capão Novo, no sábado –, levou os surfistas gaúchos a pedirem a ampliação das áreas destinadas à prática do esporte no Litoral Norte. Lucas surfava com o irmão em uma área delimitada de 700 metros, em frente ao condomínio Capão Novo Village, mas a correnteza o levou para o limite com a zona de pesca, onde o jovem se enroscou em um cabo de rede e acabou se afogando. Seu irmão também ficou preso, mas conseguiu se desvencilhar.De acordo com o presidente da Federação Gaúcha de Surf, Orlando Carvalho, deveria haver pelo menos 4 mil metros contínuos de extensão em cada zona de surfe, para permitir a prática do esporte em dias de fortes correntes laterais, como no sábado. Ontem, um cabo de rede de pesca entrava centenas de metros mar adentro, exatamente no limite entre as duas zonas em frente ao condomínio.
Apesar de a legislação obrigar a colocação de etiqueta com nome e endereço do proprietário do material de pesca, não havia nada que o identificasse.No local, além de Carvalho, outros surfistas se encontraram com a subprefeita de Capão Novo, Elenita Rolim, e o deputado estadual Sandro Boka (PMDB) para discutir possíveis mudanças na lei. Atualmente, a legislação diz que as áreas para a prática de esportes como o surfe não devem ter menos de 400 metros contínuos, o que os surfistas acham pouco.– Além de ter pelo menos quatro quilômetros, a área deveria contar com uma zona de escape, de 500 metros – acrescenta Carvalho.O escape seria uma espécie de zona neutra, onde não se poderia nem surfar nem pescar, servindo como margem de segurança para o caso de algum surfista ultrapassar o limite sem saber.
A mudança na demarcação, segundo os surfistas, acarretaria áreas contínuas maiores para os pescadores.– Pelo menos teríamos grandes áreas destinadas ao surfe e outras igualmente grandes para a pesca, separando de vez as duas práticas. Da maneira como ocorre hoje, com pequenas zonas intercaladas ao longo da costa, novas tragédias devem acontecer.O deputado Boka concorda que áreas menores de um quilômetro – apesar de autorizadas – são insuficientes:– Delimitar uma zona de surfe de apenas 400 metros, com as correntezas que temos, é uma armadilha.De acordo com ele, só é possível praticar o surfe com alguma segurança, hoje, no mar em frente às áreas centrais de Capão da Canoa, Tramandaí, Imbé e Torres. Lucas foi o 48º surfista morto no litoral gaúcho em função de redes de pesca desde 1978.a
Como prevenir
As mortes envolvendo surfistas geralmente estão associadas à presença de redes de pescadores. Saiba como evitar esse tipo de tragédia:
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O que diz a Legislação
Pelo menos três leis, desde 1988, regem as normas de surfe e pesca no litoral. Entre outras coisas, dizem que:
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A vítima
Estudante do segundo semestre de Engenharia Eletrônica na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e sócio do pai e do irmão numa empresa de equipamentos médicos, Lucas Boeira Dias, 22 anos, frequentava o condomínio Capão Novo Village, em Capão Novo, no Litoral Norte, desde os oito anos.
O acidente
Lucas morreu na manhã de sábado enquanto surfava em Capão Novo. Ao perceber que havia invadido a área de pescadores, ele e o irmão gêmeo tentaram sair da água, mas Lucas ficou preso em um cabo de uma rede e não conseguiu se desvencilhar.
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